Desde março de 2023 a Confederação Nacional do Transporte pesquisa o índice CNT de Confiança do Transportador. É uma sondagem com o objetivo de acompanhar a confiança dos transportadores em relação ao cenário econômico (ambiente de negócios) e à sua atividade empresarial. Em novembro passado foi feita a quinta rodada deste índice, especificamente aqui no RS, sob a supervisão da Fetransul – Federação das Empresas de Logística e Transporte no RS.
Os transportadores do estado apontaram um índice de 47,9%, o que segundo a metodologia, define falta de confiança. Entre os principais fatores apontados para a descrença, destacaram-se os seguintes aspectos.
a) Incertezas pela falta de definições da reforma tributária, associadas à perspectiva de aumento de impostos sobre o setor;
b) excesso de gastos públicos, conjugado com a desvalorização do real
c) elevação da taxa de juros encarece crédito para o setor produtivo e drena recursos dos
poupadores para aplicações financeiras de renda fixa
d) problemas na infraestrutura rodoviária em função do desastre climático de maio
e) falta de mão de obra qualificada para a atividade, especialmente motoristas
f) custo do pedágio muito alto, sobretudo para a Região Sul do RS
Francisco Cardoso, presidente da Fetransul, analisa que as projeções de crescimento do PIB nacional para 2025, estimado em 2,3 %, são inferiores aos índices do RS, avaliados em 3,0%. Para ele, apenas o agro tem potencial de crescimento considerável, impulsionado, entre outros aspectos, também pela elevação do dólar. Os seus efeitos positivos deverão repercutir no transporte.
Cardoso lembra que o transporte é referido como um termômetro da economia, antecipando ciclos de avanço e recuo do crescimento, pois a atividade logística abastece todo o sistema produtivo do país. Ele interpreta que os efeitos deletérios da enchente foram absorvidos, mas deixaram ensinamentos aos transportadores gaúchos. “Nossas empresas tendem a ampliar a diversificação de mercados, principalmente para não dependerem apenas do RS”, desenha o empresário.
Os recentes episódios da economia nacional e o pacote econômico que não convenceu o mercado, constroem um clima pouco alentador para 2025. “Não sabemos se vale a pena investir, pois os altos juros reduzem o consumo, com reflexos naturais em nossa atividade. Há muita insegurança”, resume o presidente da Federação.